Shaun Of The Dead ou Zumbilândia?

sábado, 29 de janeiro de 2011

Quando o que você come o torna quem você é

Não é mistério que nos últimos anos a quantidade de pessoas vegetarianas vêm aumentando, assim como documentários contra abates, protesto nas ruas contra rodeios, fotos no orkut contra consumo de carne, manifesto artístico em prol da proteção aos animais e todos esses reflexo de uma cultura que se preocupa com o bem-estar das outras espécies, vejo como uma atitude nobre, sem dúvidas, o problema é quando a preocupação pela outra espécie faz com que você esqueça da sua.

Em outras palavras, vegetarianos podem ser um grande pé no saco, aposto que muitos já passaram por situação parecida ao serem chamados de assassinos ou hipócritas por um vegetariano quando você diz que come carne de boi mas nunca comeria a de um cachorro, isso é só um exemplo entre muitos de como uma pessoa que a princípio quer mudar a opinião das pessoas consegue fazer exatamente o oposto.

Se o objetivo do manifesto de todas essas pessoas é conscientizar os “carnívoros” dos mau-tratos vinculados ao consumo de carne e provavelmente conseguir fazer com que tais pessoas mudem seus hábitos, parece que estão no caminho errado. Digo isso pois no momento que uma pessoa ultrapassa os limites do respeito, você automaticamente cria uma repulsa por ela e, consequentemente, pelo que ela defende, em outras palavras, se você tem um amigo que te enxe o saco constantemente para que vire vegetariano isso só vai fazer com que você queira comer cada vez mais carne. É simples, vegetariano ou não, respeito não prejudica nenhum animal.

Eu respeito quem opta por adotar uma dieta vegetariana ou defende os outros animais, sem dúvida é uma atitude boa, só que me irrito profundamente com aqueles que se excedem, que sempre estão degrinando o ser humano, já vi montagens, nesses protestos vegans, de seres humanos embalados como se fosse carne, um boi passando no supermercado pra comprar carne humana, já deparei até com um protesto que era duas imagens, a esquerda corpos judeus, vítimas do holocausto e na direita corpos de animais decorrentes de um abate e em baixo dizia: “Qual a diferença?”, eu digo qual a diferença, você preferia que o seu cachorro ou algum ente querido morresse numa câmara de gás? A comparação foi infeliz, o “holocausto animal” é algo complicado, mas sinceramente, quem te dá o direito de insultar desse jeito os descendentes das vítimas do holocausto?

É então que entra uma discussão complicada, desde que Charles Darwin concedeu o conceito de evolução para nossa sociedade, temos uma visão superior do ser humano, como o ser mais evoluído e que por mérito, deve dominar as outras espécies. Discordo claro, apesar de ser o que acontece, vejo o ser humano como animal único e capaz e criador, evolução é relativo, somos autodestrutivos, o que há de evolução nisso? Enfim, isso não é o que quero discutir aqui, mas sim, o valor que damos a nossa espécie, atualmente há uma decepção da humanidade com ela mesma, vejos os seres humanos como animais violentos, gananciosos e falsos, generalizamos e chegamos a valorizar o animal da outra espécie ao da nossa, defendendo que tal animal é puro e não corrompido como nós.

Está aí o problema ligado ao movimento vegetariano, comer ou não carne teria que ser uma opção e não uma caracterização da pessoa, se como carne e vejo a antropofagia como algo abominável sou hipócrita? Na natureza o canibalismo não é normal, poucas espécies o fazem, na verdade, a tendência natural dos animais é valorizar a própria espécie, para que a mesma não seja extinta. O que quero dizer é que valorizo minha espécie, o ser humano, mesmo com tanto eventos negativos, do que outra espécie, simplesmente prefiro morar com uma companheira do que com um porco.

Não defendo entretando as atrocidades cometidas com os animais em matadouros, granjas, etc, apoio a criação e fortificação dos direitos dos animais, é ridículo aplicar sofrimento em troca de lucro, ou luxo, como é o caso da carne de vitela ou o Foie Gras, famoso patê de ganso, a natureza da carne deve ser básica, simplesmente para complementar a dieta do ser humano, comemos mais carne do que deveríamos enquanto alguns viram carne para outros animais, quanto aos testes em animais, existe um grande paradoxo, você privaria outra espécie de sofrimento em troca do sofrimento da sua própria espécie? Quando o teste pode ser feito por outros meios ótimo, mas e no caso de vacinas que já foram testadas em animais e que hoje fazem parte da bateria de vacinas que temos que tomar? Você deixaria de se vacinar por isso? É realmente complicado.

O vegetarianismo é por si só uma contradição, é difícil usarmos conceitos naturalistas para discutir vegetarianismo, uns defendem que a evolução do ser humano fez com que o mesmo enxergasse a opção de não matar ou maltratar animais de outras espécies e assim, adotar uma dieta vegetariana, outros dizem que o ser humano é onívoro por natureza, portanto, a dieta vegan não é justificável, por essas e outras que defendo o vegetarianismo como modo de vida e não padrão alimentar, ou seja, deve vir de você a escolha e ninguém tem o direito de te criticar ou de te julgar por isso, para que podemos respeitar os animais das outras espécies primeiro temos que respeitar os da nossa.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Shaun Of The Dead Vs Zombieland



Assisti ontem o famoso Shaun Of The Dead (qual me recuso a escrever o nome em português) de Edgar Wright, logo após o término do filme entrei, mentalmente, em um debate sobre qual dos zumbis cinematogáfico se saiu melhor, estava ao lado esquerdo, de 6 anos de idade, vindo da Inglaterra, Shaun Of The Dead! E do meu lado direito, com apenas 1 ano, repleto de clichês hollywoodianos, Zombieland! A luta é dura (ou nem tanto), mas vale o ingresso!

Comecemos pelo roteiro, já na minha análise anterior sobre o filme Zumbilândia, deixei claro a porquicidez (pois é) do roteiro, notamos uma falta de interesse na criação da trama, não esperamos claro, uma explicação concreta sobre a moda zumbilóide, mas pô, pelo menos algum “background” dos personagens é sempre interessante, Algo que encontramos em “Shaun of The Dead”, que além disso nos monstra um roteiro inteligente, repleto de menções em seus diálogos, dinâmico e o mais importante: satírico, quem não conseguiu ao menos dar um sorriso de canto de boca com as cenas pós-apocalípticas passadas na TV? Trabalho forçado usando zumbis como escravos? Genial!

Agora a respeito da direção, outro ponto para Edgar Wright, que mostra uma habilidade anos-luz comparada a de Ruben Fleischer em dirigir filmes, a direção em Shaun Of The Dead é inteligente, cenas que até nos faz lembrar de Darren Aronofsky( diretor de Requiem Para Um Sonho, O Lutador), a passagem que mostra Shaun em seu dia-dia pré-apocalipse contrastada com a mesma cena depois da infecção é incrível, a câmera tambem é muito bem utilizada, com focos rápidos e criativos, humilhando a direção de Zumbilândia, que se mostra simples e muito dependente da produção, cujo aliás é meu segundo ponto aqui, nessa categoria o segundo leva a melhor e volto a dizer, a produção de Zumbilândia é incrível, quem diria que o produtor da monótona série Gilmore Girls faria um trabalho desse? Dinâmico e criativo, superando a de Shaun Of The Dead e concedendo um ponto ao seu lado.

Quanto a atuação, ambos não apresentam muito brilho, se temos Woody Harelsson como representante de Zumbilândia, temos Simon Pegg representando Shaun Of The Dead (que aliás ajudou a escrever), Harelsson faz mais o papel de badass-emo vindo do Texas e Pegg um cara normal-atrapalhado tentando ser herói, ambos atendem muito bem aos respectivos papéis, porém em Shaun of The Dead nos deparamos com momentos que nos fazem esquecer o fato de estarmos assistindo a um filme de comédia, Pegg chega comover em algumas cenas, enquanto Harelsson, apesar de uma rápida cena dramática na casa de Bill Murray, não se compara ao rival em termos de versatilidade, os outros atores são quase descartáveis, e num descarte geral Shaun of the Dead leva a melhor.

Nem preciso cantar vitória para saber qual venceu, assisti primeiro o Zumbilândia e confesso que gostei muito, ainda gosto, só que depois de ver o filme que o influênciou eu vi o quanto o primeiro é falho, como ação é óbvio que a versão norte-americana é superior, mas como comédia fico com a britânia, notamos o velho clichê cinematográfico aqui, a versão norte-americana parece ser sem cérebro (e sem trocadilhos) e bem produzida enquanto a européia mais “cult” e inteligente, tendo isso em mãos, declaro Shaun Of The Dead vencedor, com um nocaute sangrento.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

E onde fica a conduta?



Depois de meses sendo pressionado a ver esse filme finalmente o vi, temos logo no início a cena do crime que servirá como cenário para as ações de Clyde Shelton (sério, Clyde?), era uma noite tranquila na família Shelton, papai brincando com a filha, mamãe cozinhando, uma família ideal, até que DO NADA dois bandidos invadem a casa, quebram tudo, amarram e esfaqueam papai e mamãe Shelton e matam a filhinha do casal, clássico claro, acontece nas melhores famílias.

“Sem explicações para vocês” já diria o diretor com o fim da cena, tudo bem, nós entendemos, drogados fazem coisas absurdas, tá certo, continuemos com o longa, próxima cena vemos Clyde (Gerard Butler, o espartano) conversando com seu advogado Nick Rice (Jamie Foxx), claramente nomes não é o forte do roteirista, enfim, somos tomados pela angústia da falta de justiça perante o crime, com um pequeno trato, o assassino “Darby” (Christian Stolte) é condenado a somente 5 anos de prisão, deixando todos feliz, exceto por Clyde que lança um olhar malígno para Nick, do tipo “Eu ainda te pego filho da p., começando assim seu plano de vingança.

O que não sabemos é que Clyde Shelton na verdade é um engenheiro fudido, apto a criar as invenções mais sofisticadas, porra, acho que até conseguir encontrar o Bin Laden ele conseguiria, só que claro, esqueceu de ter instalado uma só câmera na casa dele, não estou pedindo uma metralhadora robótica com calibre anti-tanque (sim, ele a usa no filme), apenas uma maldita câmera fora de casa, mas tudo bem, faz parte da trama, caso contrário, qual seria o motivo de vermos todas aquelas sequências forçadas e sangrentas ao longo do filme? (se bem que devo confessar, a cena da bisteca foi demais!)

O roteiro é repleto de furos e o verdadeiro furo que seria referente ao sistema judicial norte-americano não é explorado, os diálogos são ralos, ameaças aqui, ameaças ali, alguns joguinhos de mente e só, se você pensa que Código de Conduta (2009) é um daqueles filmes que o final salva, está bem enganado, só para o caro leitor ter uma ideia, as pessoas que realmente gostaram do filme, destestaram o final, logo eu que não gostei muito do filme, quis lançar o DVD pela janela, não quero deixar “spoilers” aqui, mas sinceramente, primeiro que é impossível ter ocorrido a reviravolta do final e segundo que não poderia existir um final mais hollywoodiano, decepcionante.

Minha vontade é comentar cena por cena essa pérola, só que seria injusto pois compartilharia minha dor com os leitores, nem tudo é tão ruim, o filme é curto e repleto de ação, então o entreterimento é garantido, assista como se fosse um clássico de ação puro e só se decepcionará com o final, assista com conduta e verá que conduta é o que faltou quando criaram esse filme.

Dica: assistam A Vida de David Gale (2003) de Alan Parker, com Kevin Spacey, esse sim aborda os defeitos do sistema judiciário norte-americano.

Cena da bisteca

sábado, 24 de abril de 2010

Bem-Vindos á Zumbilândia



Só quero dizer uma coisa antes de começar: "Resident Evil Who?", tá certo que Zumbilândia (2009) é um filme de comédia, mas convenhamos, os filmes baseados na série foram decepcionantes, fato perceptível quando os créditos do filme de Ruben Fleischer sobem e nos esquecemos que um dia já foi feito algum Resident Evil.

Sim, existem outros (e até melhores) filmes sobre zumbis, mas garanto que nenhum será tão divertido quanto Zumbilândia, a produção é impecável, já de início temos Columbus, interpretado por Jesse Eisenberg, explicando algumas de suas 34 regras para sobreviver em "Zombieland", uma passagem muito criativa onde o texo é animado de acordo com a regra, prévia do que veremos a seguir e, se não bastasse, após a cena temos a introdução do filme, uma abertura que te deixa com aquele sorriso no canto da boca, trata-se de várias cenas sanguinárias feitas em "slow-motion" ao som de nada mais, nada menos que From Whom The Bells Tolls, da banda Metallica, escolha perfeita para a ocasião.

Woody Harrelson interpreta Tallahassee, uma mistura de "badass" Mickey Knox, do Assassinos Por Natureza, com um bolinho doce (literalmente), simplesmente ofuscando os atores restantes, ou seja, as duas meninas, Wichita e Little Rock (sim, os nomes dos personagens são cidades), interpretadas por Emma Stone, um rostinho bonito e a pequena missa sunshine Abigail Breslin, temos também a participação hilária e nostálgica de Bill Murray, em sua própria casa, sendo Bill Murray.

Se nem tudo é perfeito, na terra de Zumbilândia não iria ser diferente, o roteiro é porco, assim como os dialógos, já vimos a mesma história centenas de vezes, um vírus que transforma as pessoas em seres monstruosos sedentos por carne, mas o que se destaca aqui é a maneira de como é conduzido o clichê, de maneira dinâmica, moderna e claro, engraçada, um filme muito bom no que faz, ainda não tive a oportunidade de ver o britânico "Shaun Of The Dead" (2004), de Edgar Wright, longa que serviu como inspiração para o filme em questão, portanto não posso dizer se Zumbilândia foi uma boa resposta americana, só posso dizer que foi sim uma boa resposta para a pergunta que fazíamos em nossas cabeças "Será que um dia filmes sobre zumbis irão melhorar?", ta aí a resposta.